Síntese
A mudança do clima consolida uma tendência de grande relevância para o agro, em âmbito nacional e global, tendo em vista os compromissos vinculantes assumidos internacionalmente com consequente repercussão formal na competitividade nacional, além dos potenciais impactos ambientais e econômicos sobre a garantia da segurança alimentar e competitividade do setor do agro no Brasil. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias associadas a sistemas de produção mais resilientes à mudança do clima precisam integrar as decisões estratégicas do Brasil de maneira imediata, mas também de forma estratégica a longo prazo.
Sinais e tendências
- Rumos da mudança do clima: principais cenários
- Concretização do Acordo de Paris: impactos para o Brasil
- Evolução na mitigação de emissões de GEE
- Desdobramentos da recente contribuição nacionalmente determinada (NDC)
- Resiliência e Adaptação
- Enfrentamento da mudança do clima e agenda 2030
Possíveis Implicações
- A mudança do clima abarca potenciais consequências políticas, econômicas e sociais associadas às repercussões dos compromissos assumidos internacionalmente na forma de NDCs, metas de redução da emissão de metano, redução do desflorestamento, consumo de carvão e outros combustíveis fósseis e eletrificação da frota automotora.
- A mudança climática pode desestabilizar a sazonalidade, aumentando períodos de seca e, nos períodos de chuva, provocando chuvas mais fortes com riscos ao modelo de produção agrícola brasileiro. Eventos climáticos são atualmente responsáveis por 25% a 35% das oscilações de preços agrícolas.
- O impacto da mudança do clima é particularmente maior nas regiões tropicais do planeta, o que acentua a necessidade de planejamento e desenvolvimento de tecnologias de adaptação específicas para essas regiões.
- Com a elevação da temperatura média (Acordo de Paris), países tropicais terão dificuldade em produzir produtos agrícolas de forma eficiente e terão que competir com novas áreas que paulatinamente se tornarão mais agricultáveis (predominantemente nas regiões temperadas do Hemisfério Norte).
- Com a implementação do Acordo de Paris, países passarão a ter seus inventários nacionais de emissões de gases de efeito estufa escrutinados e revisados por equipes independentes de especialistas.
- A rigorosa aplicação de métodos compatíveis com as metodologias do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) passará a ser um critério não só de avaliação da qualidade dos referidos inventários, mas também de avaliação do cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente. Seu cumprimento terá impactos positivos para o comércio agrícola no exterior.
- É fundamental que países invistam em recursos humanos especializados na área de mudança do clima. O investimento estratégico em ciência e tecnologia pode reduzir o impacto negativo da mudança do clima, mas isso deve ser feito de forma consistente, previsível e em longo prazo.
- Uma análise do conjunto de metas revisadas de proteção da biodiversidade atualmente em negociação pelas Partes da Convenção de Diversidade Biológica para o período após 2020 (a serem alcançadas até 2030 ou 2050) indica que, mesmo que o aumento médio da temperatura global permaneça no limite inferior das projeções, a manutenção da biodiversidade já está em risco devido ao aquecimento global.
- Uma melhor coordenação entre políticas públicas e descobertas científicas pode acelerar a descarbonização da economia e promover a desaceleração da mudança climática, com o apoio de medidas estratégicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade.