Trigo gaúcho ganha espaço no mercado internacional

O cultivo de trigo é a melhor opção para a produção de grãos no inverno do Rio Grande do Sul. Apesar da tradição no cultivo e de grandes avanços realizados pela pesquisa, a liquidez na comercialização é uma das barreiras apontadas pelos produtores para o cultivo do cereal. De 2014 até 2017, a área de cultivo caiu de 1,18 milhão de hectares para 691 mil hectares. Isso foi um recado claro de que existiam problemas para além da produção. Essa redução de área correspondia a uma produção estimada de 1,2 milhão de toneladas na produção nacional.

A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) estima que, mesmo em anos de safras consideradas de excelente qualidade industrial, como as de 2013 e 2016, por exemplo, há dificuldades na comercialização. Nessas safras, apesar de atender às necessidades da indústria moageira, principalmente para panificação, a dependência desse comprador acarretou a baixa liquidez do trigo e o consequente desestímulo à produção. Curiosamente, isso gera uma situação de difícil entendimento: por um lado, falta trigo no Brasil, mas, por outro, sobra no Rio Grande do Sul.

 

Foto: Luiz Magnante

A FecoAgro/RS desenvolveu um conjunto de soluções estruturais para a viabilização de um modelo com foco na exportação para mercados da Ásia e África. Geralmente, o padrão de qualidade de interesse desses países é baseado em teor de proteínas totais acima de 12%, número de queda mínimo de 250 segundos e força de glúten compatível com a classe Doméstico ou Básico. Em parceria com a Embrapa Trigo, a partir de 2016, foi validado um conjunto de soluções de manejo para uso pelos produtores, o programa Trigo Padrão Exportação. Esse programa contribuiu para que em 2019, 2020 e 2021 fossem exportadas 545.000 t, 561.000 t e 1.045.000 t, respectivamente. Associado à abertura de mercados, houve aumento na área e na produção; aumento na comercialização de insumos; e melhoria da imagem do trigo gaúcho.

Mais informações:

"Trigo padrão exportação": alternativa para sustentabilidade da cultura do trigo no Rio Grande do Sul.

Trigo exportação: alternativa para sustentabilidade da cultura do trigo no Rio Grande do Sul.

Conformidade de requisitos de qualidade tecnológica de trigo para exportação produzido no Rio Grande do Sul, safras 2015, 2016 e 2017.

Avaliação de genótipos de trigo e sistemas de produção visando à exportação.

Avaliação de genótipos de trigo e sistemas de manejo visando à exportação.

Validação de sistema de produção para trigo padrão exportação em cooperativas do Rio Grande do Sul.

ComexVis

Impactos das soluções tecnológicas de Fibras, oleaginosas e cereais

Legenda: nd (não definido).
Notas: (1) Participação da Embrapa; (2) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção; (3) Adoção (quantidade); (4) Impacto ambiental; (5) Impacto institucional; (6) Impacto econômico calculado na tabela Cultivares.
Metodologia: Avaliação dos impactos de tecnologias geradas pela Embrapa - metodologia de referência.

As campeãs de impacto econômico

Sistema sulco-camalhão em terras baixas

O sistema sulco-camalhão consiste na estruturação da lavoura para a irrigação por sulco, normalmente após a suavização do solo, obtendo-se, ao mesmo tempo, grande benefício em drenagem, com o cultivo sobre os camalhões formados entre os sulcos de irrigação. Essa tecnologia tem se mostrado muito eficiente na drenagem superficial do solo, inclusive em áreas sistematizadas sem declive, onde não existe um gradiente para escoamento superficial da água. Em 2021, teve um impacto econômico de mais de R$ 50 milhões, graças ao aumento de produtividade e redução de custos. Saiba mais. Foto: Luiz Magnante

Cultivares de gergelim BRS Seda, BRS Anahí e BRS Morena

As cultivares de gergelim do programa de melhoramento da Embrapa para essa cultura têm gerado soluções tecnológicas para atender as demandas dos mercados interno e externo, com alto rendimento para o produtor. Em 2020, esse conjunto de cultivares gerou um impacto econômico de 38,5 milhões de reais para os produtores brasileiros. Saiba mais: BRS Anahí, BRS Seda e BRS Morena. Foto: Sérgio Cobel da Silva.

Adoção das soluções tecnológicas de Fibras, oleaginosas e cereais

Nota: (1) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção.

Análise

Sistemas geram R$107 milhões

A amostra de soluções tecnológicas com impactos avaliados em 2021 trouxe, além de variedades de cereais, fibras e oleaginosas, o trabalho dos centros de pesquisa relacionados aos sistemas de produção para essas variedades. Assim, além da geração de variedades de algodão, soja, sorgo, milho, canola, gergelim, arroz, entre outras, a pesquisa da Embrapa fornece subsídios relacionados ao manejo dessas culturas. Esse conjunto de tecnologias e sistemas de produção gerou um impacto econômico estimado na ordem de R$ 107 milhões em 2021.

Soluções tecnológicas da Embrapa relacionadas a fibras, oleaginosas e cereais.

Adoção: 76 soluções diversificadas

O total de soluções tecnológicas da Embrapa adotadas em 2021 somou 76 soluções distribuídas em variedades de cereais, fibras e oleaginosas. Esse conjunto de soluções corresponde aos produtos gerados para atender aos produtores de algodão (1%), arroz (9,21%), soja (20%), sorgo (8%), milho (12%), trigo (14%); outras oleaginosas (4%), como: canola, gergelim, palma; outros cereais (9%), como: aveia, centeio, cevada, milheto, triticale; outros produtos (3%), como: dendê e cana-de-açúcar. Além dessas variedades e produtos, houve a adoção de sistemas de produção relacionados a essa categoria (fibras, oleaginosas e cereais), num total de 20%.

Adoção de soluções tecnológicas da Embrapa relacionadas a fibras, oleaginosas e cereais.